No último dia 2 de novembro, duas brasileiras quebraram um jejum de 12 anos do país no nado artístico dos Jogos Pan-Americanos. Em Santiago, no Chile, Laura Miccuci, ex-aluna do Franco e do CEL, e Gabi Regly, ex-CEL, conquistaram uma emocionante medalha de bronze no dueto.
– Até hoje ainda não consigo descrever ou colocar em palavras. Foi um sentimento inexplicável, a melhor emoção que eu já senti enquanto atleta – celebrou Gabi.
– Essa conquista significa muito para mim, era uma das minhas maiores metas ser medalhista pan-americana. Desde pequena sempre almejei muito a seleção, fazer a diferença, trazer resultado e essa medalha significa um pouco disso. Fazer parte deste momento histórico, após 12 anos, é muito especial.
No currículo, Gabi tem conquistas como seis títulos sul-americanos e mais de 15 brasileiros. Laura, por sua vez, ganhou o sul-americano 11 vezes, venceu, em 2019, a etapa da França do Mundial, e, por duas vezes, foi eleita melhor atleta da modalidade no Prêmio Brasil Olímpico.
Prêmio no cinema
Por falar em prêmio, em 2013, aos 13 anos, Laura foi condecorada fora das piscinas, mais precisamente no 11º Festival Curta Santos. Graças à personagem Graça, ela venceu o prêmio de melhor atriz:
– Foi muito bom, na verdade, foi uma surpresa. Eu era muito pequena, eu me joguei, me entreguei sem ter medo de nada, tenho muito carinho por este curta. A Graça era bem diferente de mim, que sou muito extrovertida. A personagem era mais tímida, se preocupava muito com a opinião alheia, com o que as pessoas achavam dela, que estava na puberdade, enfrentando as mudanças no corpo.
Após o prêmio, Laura chegou a receber proposta para viver outro papel, mas não daria para conciliar com o esporte. No entanto, no futuro, a atleta revela a vontade de tentar, quem sabe, atuar em mais curtas-metragens ou em séries.
Amigas desde a infância
A amizade entre Gabi e Laura começou ainda na infância:
– Conheci a Gabi com 8 anos, quando vim fazer nado aqui no Rio. Mesmo quando éramos de clubes diferentes, sempre fomos muito próximas. E, desde então, sempre tivemos uma amizade. Com 15 anos vim para o Flamengo, e ela foi uma das maiores motivações para essa minha mudança.
Gratidão ao CEL e ao Franco
No CEL, Gabi passou 18 de seus 24 anos: entrou no berçário e saiu apenas após a 3ª Série do Ensino Médio. E a gratidão ao colégio é enorme:
– Sempre tive total apoio do colégio em relação ao esporte e a vida, fiz grandes amigos e aprendi coisas que levo pra minha vida como atleta e pessoa também. O CEL tem professores sensacionais, e hoje vejo a importância que todos eles tiveram em minha vida. Com alguns eu falo até hoje e torcem muito por mim! Sou muito grata ao CEL por tudo!
Gabi enumera o que de melhor aprendeu em toda sua trajetória no CEL:
– Respeito, companheirismo, que ninguém é melhor que ninguém, e, principalmente, que juntos somos muito melhores. Ninguém é bom o suficiente sozinho! Era muito feliz quando o CEL fazia as Olimpíadas, pra mim essa parte era muito fundamental na formação do ser humano.
Já Laura estudou do 6º ano à 2ª Série do Ensino Médio no Franco, de onde também guarda ótimas memórias:
– Franco foi uma segunda casa, cresci lá. Tinha muitos amigos lá, é uma escola que me acolheu muito, mesmo sabendo da minha rotina de atleta, que é muito difícil. A escola sempre me acolheu para me ajudar o melhor possível, e digo todo mundo mesmo, da coordenação aos professores e amigos. Amo demais, tenho um carinho enorme pelo Franco. Fiz muitas amizades lá, só lembranças positivas.
A amiga de Gabi no nado e na vida concluiu o Ensino Médio no CEL:
– Apesar do pouco tempo, apenas um ano, todos foram muito receptivos, me acolheram muito. Como são muitos atletas, todos me entendem muito bem. O carinho pelo CEL é muito grande.
Uma família no Flamengo
Nos últimos 8 anos, a amizade entre as duas só se fortaleceu com a convivência em treinos, competições e conquistas pelo Flamengo e pela seleção brasileira, como no caso do Pan.
E defender o clube rubro-negro é motivo de muito orgulho para as duas atletas:
– É uma honra muito grande fazer parte de um clube tão grande, que não investe só no futebol, investe muito nos esportes olímpicos também. Aliás, é o que mais investe nos esportes olímpicos! Sou muito feliz e honrada em fazer parte dessa história.
– O Flamengo é muito família, a gente brinca e chama de Flamília. É um lugar que todo mundo te abraça muito, desde os técnicos, diretoria, atletas, todo mundo. São todos como pai, mãe e irmãos para mim. O clube tem uma estrutura gigantesca, que faz ele ser o que é hoje: enorme. Ele dá muito suporte aos atletas, o que é essencial. Já fui de clube que não tinha muito o que oferecer, sei o quanto isso faz diferença para os atletas. Tenho amor e carinho enormes por este clube. Visto com muito orgulho esta camisa. Se Deus quiser vou representar e trazer mais conquistas para o clube.
Confiantes após a inédita medalha pan-americana, a dupla vitoriosa da seleção brasileira e do Flamengo tem, no horizonte, mais uma meta: disputar as Olimpíadas, ano que vem, em Paris, na França.
Torcida, provavelmente, não vai faltar.